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6 de setembro de 2019Mais de 4,5 mil empresas oferecem descontos na Semana do Brasil
A Semana do Brasil começa nesta sexta-feira (6) e segue até o dia 15 de setembro deste ano. A iniciativa do governo federal tem como objetivo movimentar a economia brasileira, por meio de descontos e promoções aos consumidores.
Segundo o governo federal, mais de 4,5 mil empresas vão participar da iniciativa, que uma parceria da Secom com o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) e, nos últimos meses, segmentos do varejo, comércio e serviços foram mobilizados.
O coordenador do mestrado profissional em administração do Insper, Silvio Laban, diz que a Semana do Brasil é uma tentativa de incluir uma data de consumo em um mês que não há comemorações tradicionais, como é o caso de maio (Dia das Mães) e agosto (Dia dos Pais).
“O problema é a economia, que as pessoas precisam ter recurso para movimentar. A gente está em um consumo que parece estar melhorando um pouco, mas estamos longe”, afirma. Laban diz que esta é uma aposta que deve ter potencial para se repetir nos próximos anos.
“Em um contexto de economia mais pujante, nós poderíamos imaginar um resultado potencialmente maior. Agora é meio uma incógnita”, explica Laban.
A professora dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) Virene Matesco diz que é preciso “olhar como uma boa iniciativa, mas tem que ter um entusiasmo mais moderado”. Para ela, o consumidor brasileiro talvez não tenha fôlego financeiro para lidar com mais um período de compras, devido à situação econômica atual.
Virene considera que uma série de fatores devem influenciar para o sucesso ou não da iniciativa, lembrando que, por ser a primeira edição, é normal que os efeitos sejam mais brandos. “Vai depender do comportamento dos lojistas, do grau de inadimplência da família e se os preços forem convidativos”, afirma Virene.
Hoje muitos brasileiros que voltam ao mercado de trabalho recebem salários menores do que no momento da demissão, o que dificulta o consumo, além de precisarem arcar com dívidas que contraíram nos momentos de dificuldade financeira.
Para o professor do Insper, a falta de divulgação pode ser um problema na primeira edição da Semana do Brasil. “É um desafio. Tem o problema de ser pouco conhecido, está pouquíssimo divulgado. Tomara que tenhamos uma super surpresa, que seja um marco da retomada para a economia.”
O professor da Escola de Negócios da PUC-Rio Augusto Costa afirma que o engajamento do setor privado será “essencial para o sucesso da empreitada, na medida em que são as empresas o principal catalizador desse processo”. No entanto, Costa diz que é prematuro esperar um resultado surpreendente na primeira edição da Semana.
Por ser uma iniciativa nova, Virene pondera que os lojistas talvez não tenham tido tempo de preparar os estoques para o evento.
Opinião do mercado
O presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), José César da Costa, afirma que a iniciativa chega em “boa hora”. Para ele, “as ações estratégicas de estímulo ao setor varejista são cruciais. O caminho para o crescimento econômico do país passa necessariamente pelo aumento do consumo, melhoria do crédito e diminuição do desemprego”.
Animado com a iniciativa, o presidente da CNDL diz que a Semana do Brasil “ajudará a aquecer o comércio oferecendo produtos ao consumidor com preços especiais, como acontece em outros países, como, por exemplo, os Estados Unidos, que realiza sua tradicional ‘Black Friday’ no dia 4 de julho, data que marca a independência do país”. Costa considera que a semana vai ao encontro das expectativas do setor empresarial.
A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) afirmou que é uma das apoiadoras da Semana do Brasil e que é positivo que aconteça em setembro, já que é um mês que não tem tradição forte de vendas.
“Após passarmos por uma forte crise econômica, o país está com dificuldades para se recuperar, e essa união do poder público com a iniciativa privada em prol de uma grande ação como a Semana do Brasil, que tem o objetivo de impulsionar o consumo interno, é muito positiva, irá movimentar a economia, e trará benefícios para todos: governo, empresários e consumidores”.
O presidente da fintech Zetra, Flavio Naufel, afirma as expectativas para a Semana são as “melhores possíveis”. “É um movimento que visa aproximar cada vez mais e oportunizar negócios”, afirma.
Para ele, “as famílias estão buscando a todo instante oportunizar o preço para o consumo” e, por isso, a Semana do Brasil tem potencial para trazer bons resultados.