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1 de abril de 2019Estar sempre conectado pode se tornar problema de saúde pública
O olhar sobre o uso abusivo das tecnologias como smartphones, games e internet ganha novos contornos à medida em que a sociedade se percebe incapaz de se “desconectar”. No debate “O preço da conectividade | Estamos viciados?”, organizado pelo UM BRASIL em parceria com a revista Problemas Brasileiros (PB) e o Centro Ruth Cardoso (CRC), o psiquiatra e diretor técnico da Clínica Greenwood, Cirilo Liberatori Tissot, e o psicólogo com mais de 30 anos de experiência Cristiano Nabuco traçam um paralelo do contato indiscriminado com a tecnologia e outras dependências, como o alcoolismo.
“A grande preocupação é que estamos praticamente vivendo um problema de saúde pública, mas ela entrou pela porta dos fundos, mascarada dentro de uma perspectiva de entretenimento, as pessoas ainda não se deram conta da gravidade. É um processo que ativa os circuitos dopaminérgicos, é um vício, uma dependência como outra qualquer”, observa Nabuco, na conversa mediada por Thais Herédia.
Na análise de Tissot, a nossa relação com o entretenimento é baseada na busca insaciável pelo prazer, e temos dificuldade em “frear” essa satisfação. “O prazer é egoísta, e quanto mais temos, mais queremos. No ambiente virtual existe um paradoxo, porque, ao mesmo tempo que vou ao encontro de pessoas, não tenho a reciprocidade do outro lado. Isso dá um extremo prazer, como se em nenhum momento houvesse frustração. A inteligência artificial não briga comigo”, diz.
Para Nabuco, essa dinâmica – na qual é preciso ter sempre acesso a mais informação e por mais tempo – compromete o funcionamento do nosso cérebro e incapacita o indivíduo de fazer associações mais profundas. O psicólogo destaca ainda que o imaginário comum de que o uso constante da internet poderia tornar a humanidade mais inteligente não se sustenta em razão do resultado de recentes pesquisas.
“Embora tenhamos nos telefones celulares mais informação do que Bill Clinton tinha há algum tempo, as medidas mundiais de quociente de inteligência (QI) [testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas de um sujeito] estão declinando. Então, mais informação não significa necessariamente maiores habilidades”, enfatiza.
“Tínhamos ao longo da Idade Média uma noção de que quanto mais conhecimento eu tivesse melhor eu me tornaria, mais destaque social eu receberia. Hoje é exatamente o contrário. O indivíduo que consegue manter o mínimo de saúde mental não é aquele que tem o contato contínuo com a informação, mas o que se protege para que ela não crie padrões de estresse”, complementa Nabuco.
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