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29 de maio de 2017Investimento no material humano Mesmo em períodos de crise econômica.
Empresas investem na criatividade dos funcionários, para enfrentar a crise.
Por Vanessa Resende
Dizem que o maior valor de uma empresa não é o produto ou serviço que ela vende, mas sim o seu capital humano. Por esse motivo a qualidade das pessoas que formam determinada instituição diz muito sobre o sucesso, ou não, de um empreendimento. O conhecimento, a habilidade, criatividade e a capacidade de criar novas soluções são tão relevantes para o sucesso empresarial quanto outros ativos. Mas para alcançar melhores resultados é preciso criar um ambiente que estimule as pessoas a desenvolverem e utilizarem o máximo possível de seu potencial. Mas o principal questionamento é de que forma motivar um funcionário em momentos de crise quando muitas vezes os custos são cortados? Para a especialista em gestão estratégica de pessoas Claudia Santos, o gestor pode motivar sua equipe de muitas formas, sem que isso implique necessariamente aumento de custos para as empresas. “Estatísticas recentes mostram que a remunera- ção está em quarto ou quinto lugar no ranking dos motivos por que as pessoas deixam as empresas, enquanto as demissões ocasionadas por má gestão ocupam a liderança. Ou seja, as pessoas são motivadas por propósitos, em especial os mais jovens, que buscam trabalhar em empresas que façam bem à sociedade como um todo”, pondera. Ela avalia que há várias outras maneiras de motivar equipes, seja promovendo reuniões individuais ou em grupo. Isso porque as pessoas ficam motivadas quando se sentem importantes e parte de algo maior. Por outro lado, se elas são só orientadas às tarefas e tratadas como números, com certeza, será atrás de cifras que elas irão. “Os gestores podem motivar suas equipes quando investem seu tempo no desenvolvimento e na capacitação dos seus colaboradores, quando confiam neles e enxergam esse colaborador de forma integral. Cada colaborador tem motivações diferentes: por exemplo, aqueles que valorizam o estudo ficarão muito felizes se forem indicados a um treinamento, enquanto os que valorizam a família ficarão muito felizes com um day-off no seu aniversário”.
Com o mesmo pensamento, a consultora em Recursos Humanos e palestrante Tarsia Gonzalez também avalia que, em momentos de crise como o que o país atravessa, não é apropriado usar metas financeiras para reconhecimento profissional. “Você pode ter uma empresa com os melhores salários, mas, se não tiver um ambiente que propicie felicidade, alegria, reconhecimento e motivação, de nada adiantara a busca por resultados. A gestão humanizada faz toda a diferença, principalmente num momento em que os recursos financeiros são escassos: líder deve trazer para seu liderado, antes de qualquer coisa, confiança, e isto será adquirido por meio da transparência, da verdade sobre o que está acontecendo com a empresa e da busca de estratégias para envolver todo o time com o momento pelo qual o país está passando”, admite.
Ferramentas para aumentar a criatividade
Se, por um lado, nem sempre o estímulo financeiro é o mais importante para motivar uma equipe, por outro existem várias ferramentas que podem despertar o lado criativo e o comprometimento de todos em uma determinada instituição. Uma das mais importantes é investir em uma cultura que incentive e estimule seus colaboradores, com uma liderança aberta às ideias da equipe, aberta ao diálogo e tolerante quanto aos erros provenientes de atitudes criativas. “Gosto muito de envolver as pessoas mediante dinâmicas de grupo, criação de um comitê do qual participem vários gestores de diferentes áreas e que divulgue, mensalmente, os resultados da empresa, para que todos se sintam parte e se comprometam a procurar soluções criativas juntos”, afirma Tarsia. O uso de programas voltados para melhorias de produtos e serviços também tem sido bastante utilizados pelas empresas. “Existem várias formas de implementar a criatividade nas empresas, tais como: criar espaços e reuniões de brainstorming semanais, no modelo de metodologias colaborativas, em que o primeiro requisito é o não julgamento; montar um painel de criatividade para as pessoas colarem suas ideias em post its, premiando a melhor ideia quando implementada”, diz Claudia . Engajando a equipe Em momentos sensíveis, em que é preciso oferecer os melhores produtos e serviços e desenvolver ferramentas para criatividade, vem a seguinte pergunta: E agora, como posso fazer para engajar minha equipe no propósito de minha empresa? Esse é um dos grandes desafios das organizações. Nesse momento o profissional precisa abraçar a causa e implementar as ações propostas pelas empresas. E nesse momento pode-se unir a experiência dos colaboradores mais antigos com a motivação pelo novo dos mais jovens. “Este engajamento depende 100% da liderança. E necessário que o líder saiba inspirar seu time. Para isso precisa conhecer todos os talentos e usá-los de forma estratégica e inteligente, não cobrar aquilo que não pode ser realizado por certo funcionário, mas entender claramente que cada um tem seu papel. A direção da empresa é que guia o time, as mudanças são exemplos de cima para baixo”, finaliza Tarsia Gonzalez. Outro quesito é que a empresa precisa expor claramente seu propósito e sua visão. Ela deve deixar bem claro quais são seus objetivos e, de acordo com Claudia Santos, traduzir todas essas questões por meio de uma comunicação interna forte e atuante. “Parece simples, mas não é. A maioria das empresas começa a operar de forma empírica e nem sempre dispende tempo e investimento para, de fato, trabalhar sua identidade, seus valores e as estratégias. Com isso, sentem diretamente no dia a dia o impacto da falta de engajamento e de compromisso com a cultura organizacional. O fato é que os funcionários só vão entrar e remar o barco se souberem em que direção estão indo. Sem essa clareza, eles dificilmente se engajarão”, conclui.
